Pular para o conteúdo principal

Não à banalização da cesárea

O que se pretende é respeitar o ritmo natural e o nascimento


Publicado no Jornal OTEMPO em 06/04/2011
ANA ELIZABETH DINIZ

Elas estão operando uma verdadeira revolução silenciosa e resgatando sensações, sentimentos e nuances quase esquecidos em um mundo em que a tecnologia e as relações impessoais estão prevalecendo.

No Brasil, são mais de 200 mulheres voluntárias espalhadas em 21 Estados mais o Distrito Federal, trabalhando diariamente pela internet desde 2006. Uma malha virtual (website, blog e lista de discussão) que vai atraindo adeptas pela melhoria das condições de atendimento ao parto no país.

Estamos falando da rede Parto do Princípio - Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa. Na verdade, uma lista de discussão em que as participantes se comunicam, articulam demandas e se dividem em múltiplas ações planejadas que buscam dar visibilidade a um trabalho de delicadeza com a maternidade.

Segundo Pollyana do Amaral Ferreira, membro da rede, o propósito é o resgate do parto humanizado, ativo, do protagonismo da mulher nesse processo e lutar contra a banalização da cesárea.

"Entendemos o parto como evento sexual, feminino, cultural e fisiológico, e a mulher, como sujeito ativo e central desse processo. A mulher deve ser informada antes e durante o nascimento do filho dos prós e contras de cada escolha e decidir, juntamente com a equipe de assistência, por uma experiência feliz, saudável e segura para ela e seu bebê que chega ao mundo trazendo emoções repletas de significado".

Para a jornalista Daniela Buono, a ciência está reconhecendo que, embora os avanços tecnológicos e a institucionalização do parto tenham proporcionado maior controle dos riscos materno-fetais, houve incorporação de muitas intervenções desnecessárias. "É preciso re-significar o nascimento e mudar a cultura do parto porque há muita violência imposta à gestante. É preciso respeitar o ritmo natural e o simbolismo transformador do nascimento".

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o alívio da dor do trabalho de parto deve ser feito por meios não invasivos e não farmacológicos, como massagens e técnicas de relaxamento.

Mas não é o que vem acontecendo. "Mesmo quando se faz um parto normal são utilizados procedimentos de rotina e interferências obstétricas desnecessárias. Elas inibem o desencadeamento natural dos mecanismos fisiológicos de parto e ele passa a ser sinônimo de patologia e de intervenção médica", comenta a jornalista.

Por isso, muitas mulheres acabam acreditando que a cesárea é a melhor forma de dar à luz. "Elas veem nela a possibilidade de um parto sem medo e sem dor, mas a cesárea é uma cirurgia de grande porte que deveria ser utilizada apenas em caso de emergência, para salvar a vida da mãe ou do bebê. A possibilidade de um parto normal deixou de ser prática, mesmo quando essa é a expectativa da mulher", pontua Daniela.



Caseiro. Geozeli Camargos optou não apenas pelo parto normal, mas deu a luz a Téo na companhia da família em um procedimento domiciliar assistido por enfermeiras obstetras




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Amamentação - Quando um peito fica maior do que o outro

Por Maísa Algumas mulheres que amamentam experienciam ter um peito maior do que o outro. Não estou me referindo àquela diferença natural que ocorre ao longo do dia, quando um peito está sempre mais cheio do que o outro e vão se revezando nesta apresentação. Estou falando de uma diferença que, independente de qual peito esteja amamentando no momento, sempre há o que se apresenta maior do que o outro. Apesar de eu ter 3 anos e meio de amamentação com meus dois filhos nunca havia me acontecido isso. Até que há um tempo atrás percebi que um peito estava bem maior do que o outro. Fiquei observando, passavam os dias e nada mudava, parecia até que a diferença acentuava e o esquerdo já estava constantemente o dobro do direito, perceptível até mesmo vestida. Eu estava amamentando normalmente com os dois peitos, como sempre havia feito, revezando-os nas mamadas. Mas não sei por qual razão o esquerdo estava produzindo muito mais leite, embora o direito, ainda que bem menor, também satisfazi...

Nasceu LUIZA, minha neta!

Uma forte emoção abalou meu coração neste feriadão de páscoa. Nasce Luiza, minha neta, uma nova luz na minha vida. Como é bom renovar a vida com mais vida! Um parto domiciliar que teve seus agravos antes do final feliz. Meu filho e nora ensaiaram o plano A e B várias vezes. Perguntaram, se informaram e acreditaram nas propostas. Plano A – Hospital em Brasília com quarto para parto humanizado e que aceita o plano de saúde Plano B – Casa de Parto de São Sebastião Os dois falharam em suas propostas. O primeiro com a parte física perfeita mas sem profissional capacitado. O segundo com estrutura física fragilizada, com profissionais capacitados mas impedido de funcionar por conta da burocracia. Quase não acreditei que vivi essa experiência. A terceira opção do casal era o parto domiciliar e foi a única opção real de humanização e respeito à vida. Silvéria Maria, iluminada parteira, coração abençoado, a mulher que encara de frente todos os entraves burocráticos e médicos. Esta sim, o sím...